A cultura da ignorância

É interessante para o mundo capitalista impor a cultura da ignorância. A mediocridade como prevalência comportamental nas sociedades contemporâneas, especialmente no Brasil. A destituição de um conjunto de valores até pouco tempo considerados essenciais para as vivências individuais ou coletivas. O desprezo e o estimulado desconhecimentos às artes, à história, à ciência, à filosofia, etc. O desprestígio dos livros e o aviltamento da memória.

Os ignorantes estão assumindo lugares de responsabilidade. E isso interessa ao “establisshment”. A ignorância para alguns é imposição, para muitos, porém, é simples escolha, embora aparentemente voluntária. É cada vez maior o número de pessoas que prefere acreditar piamente nas primeiras informações sem qualquer preocupação em questioná-las. Quando isso acontece, caímos na armadilha do fetichismo, dos ícones fabricados, dos mitos produzidos. E avançamos aceleradamente para distância da realidade, favorecendo o despotismo. O sistema habilmente manejado por forças poderosas. Estão querendo nos convencer de que não devamos ser a cultura que somos verdadeiramente. Querem que percamos a nossa identidade cultural. E estão tendo sucesso nessa empreitada.

É o empoderamento do neofundamentalismo político. Quando não se dá mais importância às verdades, cultuando o “não saber”. A adoção de linhas de conduta onde o pensamento defendido passa a ter condições de infalibilidade. A rejeição do pluralismo. O inconsciente coletivo atingido pela dominação ideológica conservadora. A alienação produzida pelo projeto de poder do capital. Sementes podres lançadas por oportunistas para serem germinadas em terreno fértil.

A mídia corporativa se encarrega de estabelecer os pronunciamentos da massa que manipula, de forma generalista e simplista sobre as questões que planejadamente destaca. Provoca a ausência do pensamento crítico. Trabalha no sentido de fortalecer o pensamento único. Mentes são formadas com conceitos que se internalizam na vida cotidiana das pessoas.

Percebe-se um esforço para voltar a aprisionar a nossa história política e social, como nos tempos da ditadura militar. Reforçam a ideia de criminalização da política, para dela se beneficiarem. A cultura da ignorância não permite o debate político com seriedade, porquanto oferece perigo de desmantelamento das ideias que contrariam as possibilidades de transformações sociais e urbanas, ameaçando, então, o império de dominação das elites.

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